(Rev. Renan Eurípedes Corrêa – I. P. de Xanxerê, SC)
A vida do povo de Deus foi e é marcada por surpresas, pelo inesperado, pelas más notícias. Jacó foi avisado pelos seus filhos que José fora devorado por feras no campo; Jesus recebeu a notícia da parte de Maria e Marta que seu amigo Lázaro estava morto, foi avisado acerca da morte de João Batista; o apóstolo Paulo sempre recebeu péssimas notícias a respeito do estado espiritual das igrejas que fundou e por onde pregou. Fato certo é que estas notícias sempre produziram aquilo que é denominado de sofrimento. A depressão, a tristeza, a angústia, a solidão, o medo, geram, produzem e traduzem o sofrimento.
O livro dos salmos, de todos os da bíblia é o que trata o tema do sofrimento na perspectiva poética e do coração, por isso, reportar a ele em busca de alívio para a alma e para o sofrimento é buscar uma identificação do sofredor do tempo presente com o salmista. O salmo 13 é um lamento que traduz um profundo sofrimento, “até quando, esquecerte-ás de mim para sempre? Até quando estarei eu relutando dentro em minha alma com tristeza no coração cada dia?” O leitor pode perceber que o salmista estava com muita dor, estava passando por muito sofrimento. Que postura ele assumiu em relação a Deus? Como ele posicionou o seu coração sofrido em relação ao Senhor?
Primeiramente, ao contrario do que muitos pensam, ele não tenta a Deus, mas lamenta. O lamento traduz um coração quebrantado, contrito, fragilizado pela dor e pelo sofrimento. Traduz uma consciência totalmente dependente de Deus e mais que isto, uma consciência humilde, que tem como único refugio e alívio para a dor o consolo e a intervenção de Deus. Lamentar é saber abrir o coração na hora certa para a Pessoa certa. Deus é Pai que ama seus filhos com amor de mãe.
Em segundo lugar, o salmista manifesta sua plena confiança na Graça de Deus. A Graça é uma intervenção miraculosa do Senhor, ele confia nesta intervenção. A confiança em Deus gera segurança, alivia a alma e produz esperança. O escritor da epístola aos hebreus exorta a comunidade a quem ele endereça sua carta a achegar confiadamente junto ao trono da graça a fim de receber misericórdia e achar graça para socorro em ocasião oportuna (Hb. 4:16).
Por fim, para o salmista, o sofrimento e a angústia não podem ofuscar os olhos do sofredor de modo a torná-lo cego a ponto de não enxergar a bondade de Deus em outras esferas de sua vida. Apesar do momento de angústia e sofrimento vivido, o salmista diz estar disposto a cantar a bondade e o bem do Senhor. Os momentos difíceis que o cristão passa não pode impedi-lo de ver que Deus é muito mais que o sofrimento, e que a sua Graça é melhor que a vida.
Nossa Igreja precisa aprender com a dor e o sofrimento, que Deus está acima das nossas dores, que Ele é Pai e solidário com os nossos sofrimentos, tristezas e angustias. Que sua graça é melhor que a vida. Que Deus na Pessoa de seu Filho Jesus soube sim o que é sofrer. Que Deus não desampara seus filhos, sendo que a maior evidência desta verdade está no fato de que Ele ressuscitou seu Filho para que através deste evento, possamos ter a esperança da ressurreição e da vida eterna.
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